sábado, 30 de outubro de 2010

RUC Revista

XIII Mostra de Profissões no Cesumar, ontem. Cair da cama, ônibus, correria, muita música, risada e, no fim do dia, uma graaande satisfação. E mais ônibus, é claro. Ó vida! haha
As fotos são do RUC Revista (@rucrevista), que ontem teve duas horas de duração, com várias entrevistas e apresentações de bandas aqui da cidade. Valeu equipe linda! :)

Preocupação

Organização

Gratificação (tietismo mesmo haha)

Correria

Entrevistas

Bandas

Rádio Universitária Cesumar


Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

É uma viagem

Achei que eu não ia ligar muito. Até agradeceria quando a correria de cumprir pautas pro jornal-laboratório acabasse. E agora que chega próximo ao fim, a saudade antecede qualquer outro sentimento que eu possa expressar.
No meio do ano, quando resolvemos - aos cuidados de Deus - avaliar as produções, houve diversas reclamações quanto às idas ao bairro. "É longe demais", "não tenho tempo", "não moro em Maringá", "não sei abordar as pessoas", "não acho nada interessante".
Eu, bancando a do contra, pensava: eles não sabem o que dizem. Só pensava.
E, certamente, não sabiam. Ou eu que era maluca demais em aceitar subir num ônibus que nunca tinha pego na vida para ir a um lugar igualmente desconhecido. Perigoso, distante, isolado, bonito, curioso, carente? Só saberia quando a viagem acabasse.
Por sinal, já está acabando. E o maior perigo que encontrei até então, foram os comentários dos colegas que desencorajavam qualquer pessoa a seguir adiante com os bairros. Que renderam tantas crônicas e risadas. Lembranças.
Aflita, já deixo o banco do ônibus Matéria Prima para outro aventureiro sentar. E aviso de ante-mão, que de nada vai adiantar permanecer sentado, ouviu? Há muito trabalho pela frente para manter o bonde andando. Com o que me assemelho? Querendo cuidar do que, durante um ano, chamei de meu. Orgulho.
Quando Deus disse que aquilo seria uma vitrine, prontamente acreditei. Mal sabia que Deus também errava. Mais que um mostrador de produtos bonitos, com embalagens atrativas, o tal do ônibus que embarquei era o nosso próprio diário de bordo. O que apresentamos não tinha nada a ver com belos pacotes. Tinha a ver com as pessoas que desembrulhamos para mostrar ao mundo que existem.
Era disso que eu mais gostava do bairro. Explorar. Descobrir no rosto anônimo um diferencial. Abrir um baú de histórias para meu próprio aprendizado. Aprendi. Errei. Rompi barreiras que só eu tinha.
Puxo a campainha, ouvindo ao longe as histórias que vamos contar dali alguns anos. Era o sinal. O condutor está parando, já consigo avistar rostos que serão desvendados futuramente. O desconhecido já não representa mais o medo que antes todos tinham. Me preparo para descer e esperar o que virá. Por enquanto, estou bem guiada, sei disso. O Todo Poderoso toma conta do volante, extraindo de nós o máximo de combústivel que consegue. Muita cafeína.
Transporte ecologicamente correto. Humanamente curioso. E Ele nos prepara para seguir o caminho não mais sobre rodas. Temos nossos próprios pés desenvolvidos para continuar a jornada. Descobrindo. Desembrulhando os pacotes.
Foi o meu maior presente. Conhecer quem conheci. Vivenciar as cenas que só eu vivi. O ônibus para. Chegou a hora de descer.



Fotos: alguns dos ilustres mais-que-personagens da nossa história; E faltou muita gente;
Essa última, os desembrulhos do ano, hahahaha

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eis que...

Apareço quando a pessoa menos deseja. Aliás, sou muito criticado. Meu teto é de vidro e meu pavio... Bem, que pavio? Não gosto de dividir atenção. Sou egoísta e sei disso. As pessoas hesitam ao me identificar, e muitas mentem a meu respeito. Escondem-me como se eu fosse motivo de vergonha e, muitas vezes, sirvo de pivô para muitas brigas. Não queria ser uma sementinha de ódio plantada na relação entre as pessoas, mas acabo servindo tal função quando bem entendem. Meu intuito era proteção, alerta e um bocado de manha.

Infelizmente, usam-me como desculpa para se livrarem de quem já não interessa mais. Atribuem significados aos bens materiais e me jogam na fogueira quando alguém pede qualquer objeto emprestado. Impossível eu, na idade que pouco me importa, ser tão ruim assim.

Acho cômico quando esses humanos resolvem me evitar. Negam-me a razão, quando sei o que estou fazendo. Quando não querem admitir a si mesmos o que sentem por outrem. Considero minha principal diversão, se queres mesmo saber. Fico pouco em evidência para dar show quando resolvo aparecer. O que, dependendo da situação, faço com frequência. Aí recorrem aos tais psicólogos para controle emocional. E botam a culpa em mim. Logo eu, que só atiço. O real responsável pelo circo pegar fogo são esses daí, que me rejeitam a qualquer custo.

Eu existo, e isso é fato. Ponto. Nunca deixarei de existir, enquanto a possessão for componente do perfil das pessoas. Ter-me ao lado é comum, não sou doença. É que, na verdade, ninguém consegue compreender minhas reais intenções. Gosto de testar limites, de gente que saiba me dominar. E quando isso acontece, ah meu amigo, fico manso, manso.

Eis meu segredo, de domínio e dosagem.

Desculpe-me, não me apresentei ainda. Mas imagino que já tenha ideia de quem seja, pois provavelmente já participei ou ainda participo da sua vida. Posso até ser tudo isso que me pintam, mas jamais mal educado.

Muito prazer, meu nome é Ciúme.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Recomeço

O tempo dela, mal sabia, estaria a chegar. Não era possível dizer se era mimada demais para aceitar que nem todos a tratariam da forma a qual tratava os demais, mas via-se que tinha consciência de que sofreria além da conta por agir de tal forma. A imaturidade ainda se fazia presente na pouca idade e na falta de experiência do acúmulo de anos. Não sabia lidar com certas situações.

A recompensa pelo esforço – pensava - raramente vem, que dirá o reconhecimento. Está em falta no mercado, tão saturado de egocentrismo. São verdades que enfrentava, ainda que com o apoio dos amigos, faltava-lhe o aval de quem a moldara a ser quem se tornou. Ou no que se tornaria. Não caberia a ela, nem a Freud explicar o posicionamento brusco do Mestre. De como ignorava as vitórias e a fidelidade daquela que seguiria seus passos. Não demonstrava interesse e, proferir uma palavra de estímulo, era afrontar o dom que recebera. Que agora aparentava não ser mais o de ensinar e acompanhar justamente aqueles que se esforçavam para alcançar alguma plenitude no espaço de atuação. Teatral.

Ela segurava o relógio, pois sabia que a hora estava chegando. Nunca se dera conta de como esse tipo de situação poderia afetá-la. Não sabia dizer se fora pelo sentimentalismo aguçado ou pela mágoa atribuída à desanimadora indiferença. Como podia ser uma pessoa com duas personalidades completamente diferentes? Na frente dos demais, misógino. No mundo, deleitoso. E deleitava-se. E machucava, destruía e não se importava. A realização não lhe pertencia, ele que já tinha tudo o que gostaria de ter.

O acúmulo nas decepções aglomerou-se instantaneamente, ao ver a atenção redimensionada a qualquer produção mal feita. Desfez-se de todas as crenças, pôs fim à magia e brincadeiras. E sabia que era chegada a hora. Correu escadaria abaixo, mal sabendo que era observada.

- Você tá chorando?

E pulou, sem pensar duas vezes, rolando, rosto abaixo. Uma lágrima de desgosto. O tempo acabou. Não conseguiu responder.

- Não acredito que você tá chorando por causa disso. Me diz que não, vai.

Ela ria, enxugando o rosto com as costas da mão gelada. Que tremia.

- Não sei se rio ou se choro.

E os dois riram.

Ela foi embora, pensando em como foi infeliz ao acatar ordens de quem não se importava. Resolvera que era hora de libertar-se, pensar sozinha e reconhecer-se. E chorou. Sorriu. Adormeceu. Amanhã teria de caminhar com as próprias pernas.

E o tempo recomeçava...

domingo, 17 de outubro de 2010

Domingo, Willie Davids, futebol

Da (mini) série "Significando"

Fotos: desculpa para sair de casa. E, ao mesmo tempo, me sentir em casa. :)
Ótima semana para os que passarem por aqui - e para os que não passarem também.

sábado, 16 de outubro de 2010

[consequências da] Reportagem de bairro

Originalmente publicado no jornal Matéria Prima

A saudade de fazer relatórios impulsionou-me, ainda que mentalmente, ao que escreveria ao chegar em casa. Sabe, é mal de toda vez que saio para fazer matéria de bairro. Até mesmo ir a um lugar que não conheço e procurar algo novo, externar para a sociedade... Ou mesmo ir a um lugar conhecido e tentar explorar algo ainda não visto. Pequenos detalhes me levam mais à certeza de que estou no caminho certo. De que é isso mesmo que eu quero para a minha vida. Inteira.

Eis que descubro o que daria de presente para a professora, em comemoração à idade nova dali 24h: fazer valer a pena todo o conhecimento que estou acumulando com o avançar dos dias. Tudo que eu pude aprender – e ensinar – com a oportunidade que o jornal-laboratório trouxe.

Para se ter ideia, gosto ainda mais quando tenho de fazer tudo em cima da hora, sabia? Parece que dou conta, é o mesmo que estar em um jornal diário, que requer produção diária. Meu dia começou cedo, na companhia do melhor amigo. Era preciso chegar ao bairro – a qual nunca havia ido – e descobrir algo interessante. Desafio. Conversei quem já tinha ido ao local. A resposta não foi das melhores. “Muito difícil de achar pauta, o bairro é grande... eu sofri pra caramba”. Pronto, e meu tempo era escasso - das 10h às 13h para achar algo. Já desanimada com o fato de ter “pouco” tempo para buscar algo, as referências que obtive do Conjunto residencial Hermann Moraes de Barros contribuíram para que o pessimismo invadisse meus pensamentos: bairro perigoso, distante, violento. E eu, na minha dependência da TCCC, não tive opção, senão encarar o que estava por vir.

Fui até a escola de inglês, da qual dois amigos faziam aula – dali fomos para o terminal. A Camila fez companhia até a metade do caminho e me desejou sorte para achar pauta. Internamente eu realmente quis que aquele desejo de boa sorte funcionasse. Embarcamos em mais uma ida sem saber o que nos aguardava. Chegando ao bairro, falei com um morador que, no calor infernal que nos acompanha desde o início da semana, estava lavando a calçada. Ele nos informou que o bairro que queríamos ficava da esquina seguinte adiante. Sem opção, lá fomos nós...

Parei uma velhinha na rua, uma simpatia! Aliás, eu acho que tenho sorte com moradores de bairro. Até hoje todos foram bem cordiais. Conheci pessoas que valiam à pena! O que me deixa imensamente feliz. Como ela mudou-se para a região havia três meses, tudo ainda “é lindo”. Inclusive o acesso do transporte coletivo, que é bem frequente – uma raridade, todos os moradores dos demais bairros em que estive reclamavam da TCCC por não ter ponto de ônibus ou por demorar demais para passar. Olhei para meu amigo, que entendeu imediatamente: achei a pauta. Descemos a rua e abordei duas meninas, uma de 12 e uma de 18, estudantes que dependiam do transporte coletivo: confirmaram o que a senhora felicíssima disse – a praticidade e rapidez do ônibus ali era um fato. O acesso aos demais cantos da cidade era beneficiado.

Quando pensei ter encontrado a pauta nos primeiros cinco minutos circulando pelas ruas do conjunto, resolvi que era hora de partir, e fomos ao encontro com a avenida que corta as demais travessas, para pegarmos o transporte tão acessível. Olhei para o lado direito da rua que descíamos: um painel cheio de tapetes coloridos. Não hesitei: corri e bati palmas. Ninguém. Bati de novo. “Já vou! Quem tá aí?”. Respondi com outra pergunta: “é a senhora que faz os tapetes?”. “Minha filha, um momento... Ô Dulce! Ô DULCEEE!!!”. Eis que conheci a dona Dulce, outra simpatia. E uma história e tanto: ela mesma faz os tapetes, funciona como um negócio próprio, e ela aprendeu sozinha. Saí da casa com um sorriso de orelha a orelha. Meu companheiro de pautas e bairros perguntou: “Mas e agora, qual das histórias você vai fazer?” Dos tapetes, óbvio. Pensei: poderia muito bem fazer as duas.

Já na avenida, cinco “jaulinhas” cheias de filhotes de cachorro em adoção atraiu o nosso olhar. Não resisti e adotei a Mel, uma vira lata de 40 dias. Entrei na minha “Mercedes-Benz” com o filhote dentro da bolsa, para que ninguém visse. Minha sorte, fiel escudeira, foi que a tagarelice das senhoras ao lado escondeu o choro da pequena, que voltou dormindo com a cabecinha para fora da mochila.

Uma pena a Mel não ficar muito tempo comigo. O passeio de ônibus fora o suficiente para que eu desse a atenção necessária que a mesticinha merecia. Caminho ainda tinha para ser percorrido: voltando para casa do terminal, a pé, resolvi pegar a Rua Joubert de Carvalho, pensando “vou passar pelo que foi a vida do professor Fabio [Dias, de fotografia] durante um ano”. Confesso, nunca gostei daquela rua, mas as fotos que ele fez de lá fizeram com que eu mudasse alguns conceitos. Ao menos atiçaram a curiosidade histórica. A cachorrinha no meu colo. Passei em frente a uma das tantas lojas de roupas e tecidos de lá, quando uma moça me chamou – “Que coisa linda, me deixa ver?”, entrei com a Mel, que logo foi “raptada” dos meus braços para que todos os funcionários ali resolvessem mimá-la de uma só vez.

A que me chamou por causa da cadelinha contou que a vizinha perdera o animalzinho de estimação havia uma semana. No bairro onde ela mora, a menina foi na padaria buscar pão para a mãe e levou a cachorrinha junto – até o ônibus chegar...

Engraçado que foi por causa do ônibus que cheguei até a Mel, até onde estava agora. Instantaneamente perguntei: “você não quer levar para ela?”. Silêncio. Repeti. Ela me olhou incrédula. “Você não vai ficar com ela?”. Expliquei que moro em apartamento, que provavelmente eu ia levá-la a outro lugar. Ela não hesitou mais.

Saímos juntas da loja, eu, em direção à minha casa, ela, correndo pegar o ônibus, aproveitando o horário de almoço para fazer uma surpresa para a menina que mora ao lado da casa dela.
Voltei ainda mais feliz, pois sabia que tinha encontrado um lar para a Mel, se é que agora teria esse nome. Feliz, não por ter adotado um filhote por meia hora, mas por ser adotada por essas pessoas a cada vez que ouso me aventurar nas matérias de bairro que a “Dona Pauta” [a professora] nos faz vivenciar.

Reportagem sobre os tapetes aqui!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Todo dia...


12 de outubro, Dia das Crianças. Passou sem qualquer significado. Até qual idade podemos considerar uma criança de fato “criança”? Não sei. Há quem diga que a criança nunca morre - se esconde. A minha criança foi substituída por movimentos robóticos. Infelizmente.

Acordar, café, trabalhos, almoço, trabalho, café, faculdade, café, ônibus, livros, cama. Sem sonhos. Programação mecânica, envolta pelo tédio, pela mesmice, pela ausência de cor. Disseram-me que meu perfil era de extremos. Resolvi que crescer funcionaria bem, quando a criança aqui dentro anseia pelo retorno. A mesma que atira as memórias de um tempo bom, espontâneo. De atividades maleáveis, flexíveis. Agora, que sou? Parte do conjunto, peças de metal. Que hora ou outra precisará ser trocada.

E que falta faz? Sem vida, segmentada, obediente. Componente perfeito de um modelo seguido por tantos. Vazio.

Tudo exatamente igual, as mesmas repetições, a mesma nota soada tantas e tantas vezes, agora inaudíveis para que alguém possa ouvir. O grito de desespero, o choro sufocado pelo cotidiano. O cansaço agarrado às olheiras, o combustível agora com gosto de diesel. E o dia das crianças já passou.

Significação para quem atribui, para quando faz sentido. Sequer a data do aniversário fez sentido, comemorar ser criança? Deveria ter libertado, por um instante, a criatura já travada, destinada ao esquecimento. Deveria ter. Tanta coisa.

Mas muito tinha de ser feito, descomemoração, desaniversário, desalimentada, desacordada. Ao contrário. Sempre igual. Diferente.

Acorda!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Quando a didática é posta em questionamento

Reformulando: quando a qualidade da didática é questionada. A metodologia engessada de despejo do conteúdo nas mentes de alunos que fingem aprender uma verdade absoluta é, definitivamente, algo que deveria ser extinto na docência. Há verdades que não mudam. Será? A ciência é posta em prova a todo instante, e novas formulações e embasamentos são descobertos e derrubados a todo o momento em que alguém se dispõe a ir mais longe ao conteúdo explorado.

Ok, não vou falar de métodos de ensino, pois não tenho aval algum para dar pitacos a respeito. Só contextualizo uma opinião que tenho vivenciado e que, de certo modo, associa a experiência do profissional com a maneira de ensinar. E isso resulta em diversos pontos positivos, que ultrapassam a compreensão delimitada pelas paredes da sala de aula. O bate papo, mesmo que sem ligação direta com o assunto discutido, por vezes resulta em uma consequência positiva. Estimula o pensamento e a própria definição das ideias acerca do que nos rodeia. É esse o ponto. Conseguir parar e, por um instante, pensar em possibilidades, em teorias - e viver daquele fragmento utópico de que os 110 minutos de suposições e hipóteses valem cada segundo esticado da sexta-feira. Ou de qualquer outro dia.

É difícil falar de todos àqueles que me ensinam algo. Todos conseguem ensinar para os que se dispõe a aprender. Outro ponto. Escutar e discutir. Apreender funções, histórias, experiências, vivência. Definir como conteúdo o que material algum poderia transpassar. Admiração. Não consigo definir a sensação abstrata de estar em contato com pessoas que direta ou indiretamente contribuem para a formação dos meus ideais, da minha postura. É difícil falar de todos de uma só vez, pois cada um tem uma característica singular que, somada ao todo, reconstroem as minhas crenças, apontam para novas alternativas. Sugerem outro olhar. Atiçam a observação e, principalmente, a atenção.

E cá permaneço, perdendo algumas horas de sono da minha sexta-feira, tentando escrever algo que nem eu sei bem o que quero dizer. Partindo do nada e querendo chegar a lugar nenhum, só para manter o complexo hábito de pensar. Nem sempre sentimentos são materializados em frases ou imagens. Definir em palavras não expressaria ao certo tudo o que cabe aqui dentro. Gratidão.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ponto de ônibus;

e uma câmera em mãos;

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Madrugada em claro

Só poderia render algum devaneio.

-

Cadê a réplica? Da coisa, do sonho, do encanto e fadiga.
Quero a resposta. Que me incomoda, aflige, atinge, tinge e descansa no pensar.
Incômodo algum! Eu diria.
Perguntas. O que será, foi, fui, jaz. É.
Questão de tempo. Acanha, tormento, atormenta, engana e faz.
Pensar. O que quero, agora, não sabe e só.
Solidão. Escura, fria, vazio que ecoa.
O medo.
A verdade.
O momento.
Sorriso. Gargalha, alegria, sente.
O fim.
Fim.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cafecólotros anônimos

Vícios consumindo as horas, o dia, a própria vida por assim dizer. Tudo em excesso, já me disseram, faz mal à saúde – o que não deixa de ser uma verdade popular. Manter o equilíbrio tem papel fundamental no comportamento estável que assumimos, minuto sim, dia não. E maldito seja o vício! É maldito mesmo, mas dá para enganar o cérebro dizendo que faz bem e que é melhor assim. A dependência é perdoável, até compreensível se analisada bem. Age em benefício, ou pelo menos deve agir. Falo de um vício em específico. Já reparou como todo comunicador social (ou quase comunicador, meu caso) é viciado em cafeína? Mal da falta de tempo ou do acúmulo de funções em um mísero espaço de tempo talvez seja justificativa plausível. Produtividade. Fazendo mal ou não, quem é que resiste àquele cheirinho de café passado na hora? Ir ao shopping de vez em nunca e deixar de passar na livraria para consumir algo que contenha a tal bebida feita a partir dos grãozinhos torrados é voltar para casa com a sensação de que algo está faltando.
E o elixir nos acompanha em cada jornada. Logo cedo à mesa, mesmo que religiosamente você encha a sua caneca favorita, não há tempo para sentar-se: engole às pressas defronte a pia da cozinha mesmo, apreciando, ainda que ligeiramente, aquele sabor tão característico. Ah se o gosto fosse tão superior ao aroma. Ligada na 220 w, lembro-me do barulhinho que meu avô fazia ao terminar o cafezinho de meia em meia hora. Um estalo gostoso de ouvir, seguido de um “ah!”. Era o ritual que eu pude acompanhar de perto no decorrer da minha infância. Hoje a canequinha órfã repousa no armário da avó. A fiel companheira de porcelana ainda mantém as duas listrinhas azuis ao redor. No fundo só restou a mancha amarelada, resquícios do excesso de café, e as boas recordações que o avô deixou.
Vem à mente, ainda no mesmo instante, a cidadezinha que morava. E, Drummond que me perdoe, mas algo mais interessante que a pedra ficava no meio do caminho do sítio até o centro: uma torrefação de café. E, novamente o olfato ganhou minha atenção; Ninguém pode com café torrado, ninguém. A estrada para Maringá também acende outra lembrança: chegar à casa da outra avó com o mesmo olfato aguçado: torrando café no quintal, num latão de tinta improvisado e o torrador comprado na feira. Minha tarefa já estava determinada: moeria o café, com toda a força que meus bracinhos haveriam de ter, e faria com muito gosto! Afinal, a atividade era recompensada com aquele pão caseiro e o café feito na hora – e, quem diria, eu mesma tinha moído as sementinhas de cor marrom escuro. A típica família da margarina Qualy.
A bebida indispensável é um hábito que vem se desenvolvendo pelas terras tupiniquins (e ainda acho que a contribuição dos comunicadores conta muito nesses dados). Segundo estatísticas da Abic (Associação Brasileira de Indústria de Café), a média per capta é de 78 litros de café consumidos por brasileiros ao ano. Quanto você já contribuiu este ano? Eu já perdi as contas - se é que já tive paciência para fazê-las. Engraçado como a “droga” também (re) acende tantas lembranças. A mania de se abastecer do combustível para funcionar em meio às terras tropicais é de longa data. De origem etíope, o consumo do líquido se popularizou de tal forma, que impregnou qualquer ser humano a fim de aumentar os níveis de produção. Ou mesmo degustarem sabor tão singular.
Solúvel, descafeinado, espresso, instantâneo, orgânicos, kopi luwak, tradicional. Em excesso. Vai do gosto de quem se arrisca, bem como disse, vícios não são bons.
E vou deixando o anonimato por aqui, que a chaleira indica que a água está fervendo. Viciada, eu? Quem diria!